Hélder Manuel Marques Postiga é um nome incontornável no panorama do futebol português, de tal forma que, mesmo após ter terminado a carreira de jogador em 2017, ainda vai 'dando cartaz' como dirigente na estrutura do futsal da seleção nacional. Mas vamos por partes.
Nascido em Vila do Conde, o antigo avançado começou por fazer formação no Varzim, em 1992, até que, três anos depois, chamou à atenção do FC Porto, 'escalando' dos iniciados até aos seniores em meia dúzia de anos. Pelo meio, foram surgindo as (naturais) chamadas às camadas jovens da equipa das quinas.
Para justificar a convocatória à principal seleção portuguesa (em 2003), Hélder Postiga estrou-se pela equipa A do FC Porto na época 2001/02 e logo com 13 golos em 41 jogos, seguindo-se uma segunda temporada, com 19 motivos de festejo em 46 partidas - não esquecendo, claro, a conquista do campeonato, da Taça de Portugal e da Liga Europa, às ordens de José Mourinho.
As melhores épocas de Hélder Postiga no FC Porto foram as primeiras.© Getty Images
Já por essa altura, o ex-ponta de lança mostrava que tinha o dom de apontar aqueles que pareciam ser os golos mais complexos e menos concretizáveis, só que, em sentido inverso, rubricava vários falhanços. Todo o contexto glorioso no Dragão levou-o a aventurar-se no Tottenham, mas não parecia ser o momento certo, até pelo facto de apenas ter marcado dois golos em 23 jogos. Pinto da Costa entrou em ação e negociou o seu regresso por 7,5 milhões de euros, já depois da venda por 9 milhões, dando início a um novo capítulo azul e branco.
Passo a passo, Hélder Postiga deixou a saga de amigáveis na seleção nacional e foi em pleno Campeonato da Europa de 2004, disputado precisamente em Portugal, que teve a sua primeira oportunidade em termos oficiais. Afinal, quem não se lembra daquele 'show' frente à Inglaterra? Já depois de ter 'empurrado' o jogo dos 'quartos' para o prolongamento, após ter rendido Luís Figo em campo, com um cabeceamento certeiro aos 83 minutos, ainda brilhou com um penáli 'à Panenka' no desempate por grandes penalidades (6-5) a ditar o acesso às 'meias' de uma prova - cujo final já todos sabemos... - em que não voltou a jogar.
O regresso ao Dragão não repôs propriamente a veia goleadora do ex-avançado, que começou por estar presente na conquista da Taça Intercontinental (em 2004), ao ponto de ser emprestado ao Saint-Étienne na segunda metade da temporada 2005/06. Repetiu-se o filme. Mais uma temporada e meia no FC Porto (desta vez já com 13 golos, em vez de apenas três), até que se seguiu uma aventura por empréstimo no Panathinaikos. Tudo isto a valer um tricampeonato pelos dragões. Apesar da maior instabilidade a nível de números, nada o impediu de jogar cada vez mais por Portugal, inclusive no Mundial'2006 e depois no Euro'2008.
Antigo avançado ficou longe de ser tão influente no Sporting como chegou a ser no FC Porto.© Getty Images
Por falar em 2008. Foi no verão desse ano que Hélder Postiga protagonizou uma mediática troca de rivais, reforçando o Sporting, até ao início da temporada 2011/12, onde era muito utilizado, mas 'faturava' pouco. Aliás, feitas as contas, em três épocas, o registo total de 18 golos não igualou sequer a melhor temporada no FC Porto, em 2002/03. Seria o 'adeus' a Portugal (ou um 'até já'), seguindo-se passagens por clubes como Real Zaragoza, Valencia, Lazio e Deportivo, até que regressou à I Liga, pela porta do Rio Ave, com cinco golos em 11 jogos. A carreira, essa, encerrar-se-ia na Índia, com a conquista do campeonato ao serviço do Atlético de Kolkata, em 2016/17.
Para um ponta de lança, 147 golos em 584 jogos não é propriamente um registo imperialista, mas retrata aquele que foi um jogador que deixava tudo em campo e que ainda ia compensando alguns falhanços com autênticas obras de arte. Em 71 internacionalizações, foi responsável por 27 motivos de festejo de milhões de portugueses, cumprindo o último jogo por Portugal em 2014.
Hélder Postiga 'atravessou' gerações desde Luís Figo a Cristiano Ronaldo e William Carvalho.© Getty Images
O 'Postigol', como chegou a ser chamado', abraçou, mais tarde, o cargo de dirigente na Federação Portuguesa de Futebol (FPF), em 2020, já depois de ter sido comentador televisivo e embaixador da Liga Portugal, acabando por transitar das camadas jovens no futebol para a estrutura de futsal, assim como José Couceiro, em colaboração com o selecionador Jorge Braz. A inauguração da Arena Portugal, na Cidade do Futebol, na passada segunda-feira, veio comprovar que Hélder Postiga tem 'queda' para o futsal. Será para continuar? Tem a palavra o antigo internacional português.
Todas as semanas o Desporto ao Minuto apresenta-lhe uma nova edição da rubrica 'O que é feito de...?', que pretende recordar o percurso de algumas personalidades do mundo futebolístico que acabaram por cair no esquecimento.
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