O primeiro-ministro, Luís Montenegro, condenou as ameaças nucleares que chegam da Rússia mil dias depois da invasão da Ucrânia e disse esperar que os avisos do presidente russo, Vladimir Putin, sejam "apenas e só ameaças de retórica e nunca operações no terreno".
"Estas respostas e contra-respostas não ajudam a resolver o problema. O nosso desejo é que não se vá mais longe do que aquilo que já se foi e que estas ameaças de ofensa à dignidade humana possam ser apenas e só ameaças de retórica e nunca operações no terreno", afirmou Montenegro no G20, no Brasil.
O governante sublinhou também que a invasão da Ucrânia por parte da Rússia é uma "guerra à democracia, aos direitos humanos e aos valores e princípios que Portugal defende no contexto internacional".
"Merecedores de uma condenação veemente por parte de Portugal", sublinhou o primeiro-ministro.
Questionado sobre se concorda com o Presidente francês, Emmanuel Macron, de que a declaração final do G20 ficou aquém na questão da Ucrânia, o primeiro-ministro admitiu que o facto de a Federação Russa também estar presente terá condicionado o texto final.
"Sendo a Federação Russa a parte principal de um conflito, eu acho que não é preciso fazer uso de nenhum irrealismo para poder concluir que o documento final não poderia ir muito mais longe do que aquilo que vai", considerou.
Sem querer revelar pormenores do que passou dentro da reunião relativamente à Ucrânia, Montenegro disse que esta guerra, como a do Médio Oriente ou outros conflitos, são vistos como "contributos para agravar, agudizar o sofrimento daqueles que vivem com o drama da fome e vivem na miséria da pobreza".
"Quanto mais guerras houver, quanto mais repercussões que essas guerras possam ter no abastecimento de alimentos, na criação de oportunidades de desenvolvimento social e económico em vários pontos do globo, quanto mais dinheiro nós tivermos de gastar na guerra e não gastar na ajuda e na cooperação aos países que mais precisam, mais difícil será obter resultado naquilo que foi o propósito que, em boa hora, a presidência do Brasil, do G20, colocou em cima da mesa", disse.
Antes desta declaração no G20, Montenegro assinalou mil dias de "guerra à democracia" no X (ex-Twitter).
"1000 dias de guerra na Ucrânia são mil dias de guerra à democracia, ao humanismo e ao direito internacional. São dias de desafio e solidariedade europeia com o povo ucraniano", escreveu Luís Montenegro.
1000 dias de guerra na Ucrânia são mil dias de guerra à democracia, ao humanismo e ao direito internacional. São dias de desafio e solidariedade europeia com o povo ucraniano.
— Luís Montenegro (@LMontenegropm) November 19, 2024
Portugal caminha lado a lado convosco, @ZelenskyyUa
Na mensagem, o primeiro-ministro dirigiu-se ao presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmando: "Portugal caminha lado a lado convosco".
A guerra na Ucrânia começou há mil dias com a invasão russa de 24 de fevereiro de 2022. O conflito provocou a maior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial.
[Notícia atualizada às 17h53]
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