Viktoria Roshchina, uma jornalista ucraniana desaparecida há mais de um ano, morreu sob custódia das autoridades russas. O Ministério Público da Ucrânia já abriu uma investigação ao caso, que classificou como "crime de guerra associado a homicídio premeditado".
Segundo a imprensa ucraniana, Viktoria nasceu a 6 de outubro de 1996 e morreu no passado dia 19 de setembro, aos 27 anos, mais de um ano após ter sido dada como desaparecida.
Trabalhava como jornalista freelancer para várias publicações ucranianas independentes, incluindo o Ukrainska Pravda e o Hromadske, onde se dedicou à cobertura dos territórios ocupados pela Rússia, incluindo Enerhodar, cidade onde está localizada a central nuclear de Zaporíjia, conta o The New York Times.
Roshchina foi detida pela primeira vez pelas tropas russas em março de 2022, quando fazia uma reportagem no sudeste da Ucrânia, mas foi libertada ao fim de 10 dias. Voltou a desaparecer em agosto de 2023, depois de ter viajado para os territórios ocupados no leste da Ucrânia.
O paradeiro da jornalista permaneceu desconhecido durante nove meses, até à primavera deste ano, altura em que a União dos Jornalistas Ucranianos anunciou que o seu pai, Volodymyr, tinha recebido a confirmação das autoridades russas que Viktoria Roshchina estava "detida no território da Federação Russa".
Esta semana, o meio russo independente Mediazona, revelou que Roshchina morreu durante uma transferência de uma prisão de Taganrog, no sudoeste da Federação Russa, para Moscovo.
Dmytro Lubinets, provedor dos Direitos Humanos da Ucrânia, confirmou, na quinta-feira, que recebeu documentação oficial da Rússia que confirmava que Roshchina tinha morrido em cativeiro, acrescentando que as circunstâncias exatas da sua morte ainda não são claras.
Já Andriy Yusov, porta-voz dos serviços de informações militares ucranianos, adiantou, à imprensa ucraniana, que estava previsto que Roshchina fosse transferida para uma prisão em Moscovo e que depois seria devolvida à Ucrânia no âmbito de uma troca de prisioneiros.
Em 2022, o International Women's Media Fund atribuiu a Victoria Roshchina o prémio "Coragem no Jornalismo" pelas suas reportagens nos territórios ocupados. "A morte de Victoria não é apenas a perda de uma mulher notável, mas de uma intrépida testemunha da história", disse o International Women's Media Fund, num comunicado nas redes sociais. "Independentemente da causa da sua morte, podemos dizer com certeza que a sua vida foi tirada porque ela se atreveu a dizer a verdade."
Também a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) lamentou a morte da jornalista, revelando que as "autoridades russas nunca forneceram informações sobre a sua detenção, apesar dos pedidos incessantes da sua família, das autoridades ucranianas e da RSF".
Após a notícia da morte, a Procuradoria-Geral ucraniana anunciou a abertura do processo de investigação por "crime de guerra" sobre a morte da jornalista ucraniana.
"O processo penal aberto pelo seu desaparecimento foi reclassificado como crime de guerra associado a homicídio premeditado", declarou o Ministério Público num comunicado publicado no Telegram.
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