"Numa operação especial, o corpo do refém Itay Svirsky, que foi sequestrado a 7 de outubro no kibutz Beeri e assassinado em cativeiro pelos terroristas do [movimento islamita palestiniano] Hamas em janeiro de 2024, foi resgatado", declarou Netanyahu num comunicado, após mais de um ano de guerra de Israel contra o Hamas na Faixa de Gaza.
Também o Exército israelita anunciou hoje a recuperação do cadáver do refém Itay Svirsky, de 38 anos, cuja morte em cativeiro o grupo islamita palestiniano confirmou em janeiro.
"Foi autorizada a divulgação de como, numa operação do Shin Bet [serviços secretos internos israelitas] com assistência do Exército, o corpo do refém Itay Svirsky foi recuperado da Faixa de Gaza para lhe ser dada sepultura em Israel", informou hoje à noite um comunicado militar.
Netanyahu confirmou a notícia e enviou condolências à família do refém, cujos pais também foram mortos pelas milícias de Gaza no dia do ataque: "O coração está destroçado pela grande perda da família Svirsky", afirmou, num comunicado do seu gabinete.
On the day when Hamas terrorists decimated Kibbutz Be'eri, murdering 1/10 of its population and after killing his mother, Palestinian terrorists took Itay Svirsky hostage. A soccer fan, a devoted husband and father, he was a life coach and those he cared for called him their… pic.twitter.com/vJrHoF33Pd
— Michael Dickson (@michaeldickson) December 4, 2024
As Forças Armadas não forneceram mais pormenores sobre quando se realizou a operação em que resgataram do devastado enclave palestiniano o cadáver de Svirsky, embora Netanyahu tenha indicado na terça-feira ter mantido uma reunião com operacionais do Shin Bet.
O Fórum das Famílias de Reféns e Desaparecidos, que reúne os familiares da maioria dos cativos e permanentemente pressiona o Governo para que chegue a um acordo em Gaza que garanta o seu retorno, afirmou que a recuperação do corpo de Itay Svirsky "é um encerramento de capítulo essencial para a família".
"No entanto, muitas famílias continuam à espera dos seus entes queridos, após 425 dias de cativeiro. Muitos reféns continuam vivos, mas em grave perigo, o que exige a sua imediata libertação para receberem cuidados médicos urgentes e reabilitação", sublinhou o grupo.
Dos 251 sequestrados pelo Hamas a 07 de outubro do ano passado, 96 continuam no enclave, e as autoridades israelitas estimam que pelo menos 36 deles estejam mortos.
O Hamas anunciou a 15 de janeiro a morte de Svirsky, juntamente com a de outro prisioneiro, Yossi Sharabi, num vídeo de propaganda. Dias antes, o movimento islamita tinha divulgado imagens dos dois homens com vida, o que demonstra que morreram em cativeiro.
Nos vídeos anteriores, aparecia também a refém Noa Argamani, que foi resgatada com vida pelo Exército, com mais três reféns, a 08 de junho, numa operação na qual morreram mais de 200 palestinianos.
A Faixa de Gaza é cenário de conflito desde 7 de outubro de 2023, data em que Israel ali declarou uma guerra para "erradicar" o Hamas -- desde 2007 no poder -, horas depois de este ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando cerca de 1.200 pessoas, na maioria civis.
A guerra, que hoje entrou no 425.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza 44.532 mortos (cerca de 2% da população), entre os quais mais de 17.000 menores, e 105.538 feridos, além de pelo menos 11.000 desaparecidos, na maioria civis, presumivelmente soterrados nos escombros, de acordo com números atualizados das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.
Cerca de 90% dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza viram-se obrigados a deslocar-se, muitos deles várias vezes, ao longo de mais de um ano de guerra, encontrando-se em acampamentos apinhados ao longo da costa, praticamente sem acesso a bens de primeira necessidade, como água potável e cuidados de saúde.
O sobrepovoado e pobre enclave palestiniano está mergulhado numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" que está a fazer "o mais elevado número de vítimas alguma vez registado" pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.
Uma comissão especial da ONU acusou há duas semanas Israel de genocídio na Faixa de Gaza e de estar a utilizar a fome como arma de guerra - acusação logo refutada pelo Governo israelita.
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